Desenhado por:Simão Gonçalves Toco
Extracto.
De: Simão Gonçalves Toco,
Farol de Ferraria Ginetes S.Miguel - Açores, 31 de Outubro de 1971.
Uma pequena conversa com os meus irmãos naturais de Catete
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Bem como todos os irmãos com que me teno correspondido, os meus agradecimentos.
3º. Uma pequena conversa com os seus irmãos naturais de Catete.
Quero contar-vos uma pequena história que acontecce na vossa terra em 1950 no mes de Abril.
O Senhor Governador (já falecido) que governou Angola durante oito anos, [1947-1955], cujo o nome Senhor Governador Agapito da Silva Carvalho.
Tinha determinado para que os sobas do Norte de Angola fossem para o Sul visitar o serviço agricola de Caconda.Eu também fui avisado para fazer a companhia daquela, digo, para fazer parte daquele grupo. Erámos 8 pessoas tais como:
dois (2) Sobas da area de Maquela do Zombo, não sei se eram também religiosos, porque não faziam parte das orações nas horas de alimentações. 2 sobas de Damba e 31 de Janeiro, de Damba era Protestante que tinha o nome de Soba Quiala do Povo Quincoxe se não me engano o outro era catolico de 31 de Janeiro, dois (2) rapazes da Damba mas viviam em Leopoldville, mas verdadeiramente eu gostei muito dos dois, pois foram muito amigos e respeitosos para todos. Mas um rapaz de L'Armée du Salut que dizer da religião com o nome de Arma de Salvação em Leopoldville e esse rapaz, creio que era de Maquela do Zombo, de todos que nós todos erámos oito (8) pessoas.
Eu saí do Colonato do Vale do Loge e encontrei-os no Negage onde nos ajuntarmos todos e seguimos para Lucala com o Senhor Administrador que nos acompanhou.De Lucala para Luanda e de Luanda para Catete onde permanecemos (3) dias. Comiámos no Hotel mas a hospedagem era numa pequenina casa de um só quarto e mal cabia para nós todos. Era uma casita, julgo que era ou tinha antigamente um motorzinho para a electricidade, não sei bem.Essa casita dista pouco mais ou menos uns 200 ou 300 metros da Administracção no caminho que vai até as lojas, bem mas eu estou falando de Catete antigo naquele tempo do ano de 1950... Essa casita estava no caminho ou um atalho que seguia para as lojas. Mas meus irmãos passou, lá naquela casita uma coisa engraçada...
No último dia jantamos como de costume e fomos dormir, qual dormir e quem dormiu?
Nunca vi na minha vida milhares ou milhoes de mosquitos naquela noite em Catete Tinham nos emprestado o mosquiteiro, mas mesmo assim foi impossivel dormir. As 4 horas de manhã falei ao soba Quiala para sairmos para fora tomar o ar, ele disse que nao saia porque estava cansado. Falei aos outros, tambem nao queriam, principalmente o rapaz de Arma da Salvação era um rapaz esquesito nao gostavamos dele e tinha maus costumes. Levantei-me e saí para fora e ao mesmo tempo senti a necessidade de ir evacuar.
Dei uma voltinha atras da casita uns 8 ou 10 metros perto de um arbusto e comecei desabotoar-me e quis sentar, vi nos meus proprios olhos carnais e nao espirituais um vulto atras do arbusto que me chamou: Simão, eu respondi, Senhor e abotoei-me no mesmo tempo.
Irmãos, eu sou conhecido como maluco, mas peço-vos para darem atenção na minha conversa e se quiserem acreditar que acreditem e se não quiserem acreditar que fiquem nas vossas...
Vi um clarão, a noite mudou de cor nao era dia e nao era noite e vi perfeitamente a cara dele, era um mestiço com a idade mais ou menos 30 ou 35 anos de idade.Ajoelheir-me e ele deu-me a sua mão e disse: Simão, conhece-me? Eu disse com as minhas duvidas, sim senhor o Senhor.Ele disse-me, quem sou? Mas eu tinha, também coragem, porque se não fosse assim eu fugia, mas atraiu-me... Eu respondi a toa, és o Cristo. Ele riu-se e disse:não senhor, nao acertaste, eu nao sou Cristo mas ... e tornou a dizer-me: Eu conheço todos que estao nessa casita. Uns sao catolicos e outros protestantes, mas diga aos teus irmaos ou amigos que durante a vossa viagem, em todas as horas que comeis alguma coisa, os catilicos oram segundo a maneira deles evós protestantes também oram segundo a vossa maneira, mas eu sei tudo que está passando neste mundo.
Nao tenhas medo.Vou me embora, mas nao te esqueças Simão, durante toda a sua vida que porei dentro de ti uma coisa que tu nao saberás nem tão pouco o mundo todo saberá.
Guarde essas palavras, e deixou PEGADA perto daquele arbusto.
Despendindo-se desapareceu no meu lugar e a noite escura veio outra vez.
Voltei para a casita e era quase de manhã. Amanheceu e falei aos meus irmãos somente o caso da oração, mas não lhes disse nada do acontecimento. Nâo sei se aquela casita continua ou não.
É o Senhor Governador Angola durante oito (8) anos [1947-1955] anos cujo o nome, recebeu Simão Gonçalves Toco e seus adeptos em 1950, quando apareceu com seu povo expulsos do ex Congo Belga.
O soba Quiala Povo Quincoxe, de que Simão Gonçalves Toco, refere nessa carta, acabaria por converter-se ao tocoísmo, porque seu nome é referenciado em muitos oficios secretos da PIDE.
O Dirigente Simão Gonçalves Toco, escreveu duas cartas sobre o mesmo acontecimento mas, com datas diferentes, a analise critica e evidências, levam-nos a acreditar que tenha sido em Abril de 1950, quando estava colocado no Colonato do Vale do Loge nos serviço de agricultura. As duas datas diferentes sobre o mesmo assunto, nos deixam a entender que, existe um certo anacronismo sobre o ano em que aconteceu o encontro de Catete (1935 ou 1950). É a razão porque uns defendem que aconteceu em 1935 outros em 1950, mas, o ano que Simão Toco comunicava aos seus amigos, como Kunzika Manuel e Makondekwa João é o ano de 1950.
A BEM DA IGREJA
Simão Gonçalves Toco (1977, 15 de Agosto), "João, vai fazer a informação da Igreja".