A História do "Menino Selvagem"

Há cerca de 150 anos, foi abandonada, pouco depois de nascer, numa floresta da Europa Central, uma criança do sexo masculino. Por estranho que pareça esta criança conseguiu sobreviver entre os animais da floresta, aprendendo com ele defender-se dos perigos e a procurar os alimentos de que necessitava. Quando foi encontrado, por acaso, por um camponês da região, o «menino selvagem» como passou ser conhecido aparentava 12 anos de idade, movia-se sem conseguir equilibrar-se verticalmente sobre os pés, emitia sons inarticulados e comia carne crua, pequenos insectos e frutos silvestres

Um conhecido médico da época resolveu ocupar-se da criança, estudou o seu caso e tentou educa-la:

a criança, conseguiu aprender, depois de muitas tentativas falhadas, a andar na posição vertical;

- nunca aprendeu a falar, embora, a partir de cerca altura, compreendesse determinadas ordens que davam;

  • Só ao fim de bastante tempo manifestou algumas reacções que nós consideramos tão naturais, como rir e chorar.

 Sobre esta historia verdadeira, um conhecido cineasta francês- François Truffaut- realizou um filme, ainda hoje muito discutido, que passou há alguns anos nas salas de espectáculo do nosso país “ O Menino Selvagem” .

  1. O desenvolvimento do ser humano depende da  EDUCAÇÃO

Esta história permiti-nos fazer varias reflexões. Concluímos, por exemplo, que o desenvolvimento de uma criança depende do contacto e influência constantes de pessoas que a rodeiam desde pequena, e com quem ela aprende, por imitação, a andar, a falar, a sentir alegria e tristeza, a saber serviço do seu corpo e da sua inteligência, a compreender, pouco a pouco, o mundo que a rodeia.

 Esta aprendizagem começa no berço e nunca está terminada, pois toda a vida continuamos a receber novas influência, a alegrar os nossos conhecimentos e experiências, a adquirir novos hábitos e opiniões. Em sentido geral, chamaremos a toda actuação que contribuiu para essa aprendizagem da vida, EDUCAÇÃO.

  1. A Cultura é o resultado de uma conjugação e transmite-se de geração em geração . 

Outra coisa em que historia do «menino selvagem» nos faz pensar é que um ser humano, isolado, é incapaz de criar seja o que for: só em conjunto, ajudando-se influenciando se uns aos outros, é que os homens foram conseguindo, ao longo dos tempos, realizar progressos, descobrir técnicas, encontrar soluções, organizar a sua vida em grupo.

 Foi pelo esforço colectivo e pela troca das experiências individuais que se descobriu o fogo; que se aprendeu a trabalhar a pedra e os metais; que foi possível ultrapassar montanhas e rios; que se aprendeu a cultivar os campos; que se descobriam novos processos de fabricar objectos; que se inventou a escrita, possibilitando a passagem de conhecimentos de geração em geração; que foi possível navegar nos oceanos e no ar; e até, já no nosso tempo, desvendar o espaço em busca de outros mundo.

    A tudo aquilo que os grupos humanos, acumulando esforço, experiências e aprendizagens, conseguiram criar e foram capazes de exprimir, das mais diversas maneiras, é costume chamar CULTURA.

  1. O ENSINO

Nos grupos humanos primitivos, as crianças adquiriam todos os conhecimentos e experiências dos mais velhos pela simples convivência; os adultos iam-lhes transmitindo, dia a dia, tudo aquilo que precisavam de saber e de saber fazer para a sua vida e para assegurar a continuação da vida do grupo.

       Mas, com o progresso das sociedades humanas, as actividades foram-se tornando mais especializadas, quer dizer, cada pessoa começou a dedicar-se, em especial, a um oficio ( apareceram os oleiros, os agricultores, s ferreiros, os sapateiros, etc.), e os conhecimentos foram alargando cada vez mais; assim, já não era possível a uma criança, nem aprender tudo o que todos sabiam, nem aprende-lo só pelo contacto com os adultos.

       Então surgiu a necessidade de uma nova actividade especializada _ o ensino_ especialmente destinada a transmitir conhecimentos aos mais jovens.

       Foi assim que surgiram às primeiras escolas.

       Mas nem todos tinham acesso ao ensino: só aqueles que se destinavam a profissões mais intelectuais em que era preciso ler e estudar ( por exemplo, as pessoas da Igreja);os que iam trabalhar em ofícios manuais continuavam a aprender pela experiência, junto das pessoas que praticavam a profissão que queriam aprender.

Hoje em todos os países do mundo se reconhece que todos têm direito a frequentar a Escola durante um período de tempo tão longo quanto possível.

       Além disso, existem ainda muitas  pessoas que não sabem ler nem escrever_ analfabetos_ visto que, no tempo da sua infância, ainda não era obrigatório e gratuito frequentar a Escola . Hoje, já é gratuito o ensino.

       A possibilidade de dar aos filhos mais ou menos instrução depende também do rendimento das famílias, da distancia a que vivem das escolas e até, por vezes, da necessidade que os pais têm de que os filhos trabalhem para aumentar os ganhos da família.

  1. A Cultura não se adquire apenas pela instrução.

Aquilo que se estuda na Escola é apenas uma parte de tudo o que realmente aprendemos.

A educação vem-nos também do convívio com as outras pessoas, dos jornais e livros que lemos, dos filmes e espectáculos a que assistimos, das coisas que observamos à nossa volta todos os dias, daquilo que vamos apreendendo a fazer, dos hábitos e tradições que herdamos.

      Por isso, para uma pessoa ser culta, não basta acumular muitos conhecimentos e ter muita instrução; é preciso também estar atento ao que se passa no mundo; conhecer as manifestações e actividades que revelam os hábitos, a sensibilidade e as tradições do povo a que cada um pertence e dos povos de outras países e regiões do mundo; e aprender a respeitar opiniões, atitudes e hábitos diferentes dos seus.

Cada sociedade vai acumulando, ao longo dos tempos um conjunto de tradições, crenças, hábitos de vida, que se transmitem de geração em geração, e que se manifestam na arte, na sua musica, no modo como constroem e decoram as suas casas, nas suas festas, nos monumentos que edificam_ a tudo isto se chama o Património cultural, que é importante conservar e enriquecer.

O modo como as pessoas ocupam os seus tempos livres é também uma forma de cultura: por exemplo, as tardes musicais, realizadas pela Secretaria Nacional de Cultura, o filme de que falamos no inicio deste tema serviu, decerto, para ocupar uma tarde ou uma noite livre de muitas pessoas que foram ver, mas trouxe-lhes também novas informações, levantou-lhes novos problemas, levou-as a discutir com outras pessoas , e até serviu para compreendermos melhor o que é a educação e a cultura.

É na Escola, e também por um esforço pessoal de valorização, que devemos habituar-nos a ler, a ter interesse por todas as formas de cultura, a estar atentos e informados, para podermos participar conscientemente na vida da sociedade. 

 Manifestações culturais

Concluímos de que:

1-O desenvolvimento de um ser humano está dependente da EDUCAÇÃO.

2-A educação transmite CULTURA- ou seja tudo aquilo que numa sociedade, mostra o modo de viver e pensar (trajo, habitação, actividades, festas, literatura, música, lendas, crenças...), e exprime as descobertas, soluções e transformações realizadas ao longo dos tempos.

3-O ENSINO- que faz parte da educação que recebemos e da CULTURA que adquirimos é hoje considerado um direito de todos.

4-As manifestações CULTURAIS são diferentes conforme as situações e os modos de vida das pessoas, e são hoje muito influenciadas pelos meios de comunicação.

A história da cultura ocupa-se de acontecimentos espirituais. O espírito  utiliza meios que lhe oferece a civilização, a qual por sua vez lhe opõe resistência; como o músico utiliza as possibilidades do instrumento musical que o serve e que o limita.

 

Fonte: estudos sociais, Tema Educação e cultura

 


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Last modified on Tuesday, 03 October 2023 05:50
JMayele

Página Web de informações sobre Vida e Obra de Simão Gonçalves Toco, Tocoistas, Igreja INSCM e do Tocoísmo, que utiliza como fonte:Cartas Circulares de Mayamona, em Arquivos da Igreja, Ofcícios da PIDE/DGS (IANTT) e dados colectados em entrevistas com fontes primárias e secundárias nas cidades de Luanda,Benguela e Uíge.

Atenção: Não é a página Oficial da Igreja, também sua intenção não é substituí-la, Mano João Daniel um dos jovens da Residência de Simão Toco (1974-1984), que depois de montar o «Centro de Documentação Simão Toco ou Arquivo Virtual» utilizando Cartas circulares de Simão Toco para os «tocoístas» (1950-1974), cria esse espaço informativo para cumprir com às palavras do Dirigente que em 15 de Agosto de 1977, minutos antes de ser preso pela ODP (Organização da Defesa Popular), declarou:" João, vai fazer a informação da Igreja". Também surge para fornecer seus subsídios aos que investigam sobre Vida e Obra de Simão Gonçalves Toco (1918-1984).

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