Da informação secreta produzida pelos agentes da PIDE, lê-se:

Parte hoje, 17, de Luanda, avião militar, as 12h00 para Lisboa, o Simão toco com família 4 pessoas da família. Vem acompanhao de um funcionario administrativo.O aviao chega as 18h00 ao aeroporto de Lisboa. O Simão Toco e a familia veio para o Lar S.Mamede, e sao acompanhados para a pensão por um funcionário dos Negócios Políticos do Ultramar.


Devem estar pouco tempo nesta pensão, saindo de avião militar para S.Miguel (ponta delgada) onde o Simão Toco vai como faroleiro, no farol da Ferraria.

 


Transcrevemos abaixo o ofício SECRETO nº.2224/963 - S.R, da PIDE- Policia Internacional e Defesa do Estado, sobre o exilio de Simão Toco para Portugal-Açores:

 

SECRETO

Exmo Senhor

Director da Policia Internacional e de Defesa do Estado

LISBOA

 

Pelo avião da FAP que deve partir amanhã de Luanda, via S.Tomé - Bissau, segue, acompanhado de mulher e filhos, o natural de Angola Simão Gonçalves Toco, chefe da seita pseudo-religiosa intitulada "tocoísmo".

Em Lisboa ficará entregue à Agência Geral do Ultramar, devendo posteriormente prosseguir viagem com destino aos Açores, onde vai ser colocado ccomo faroleiro.

A sua saída de Angola tem por fim afastá-lo da sua "seita" e permitir-nos dar inicio à acção repressiva que se pretende, levar a efeito com à prisão dos principais responsaveis e dirigentes do Tocoísmo, o que se espera pôr em prática brevemente.

 


A BEM DA NAÇÃO

 

Luanda, Serviços Reservados da Delegação da Policia Internacional e ede Defesa do Estado, 16 de Julho de 1963.

 

SUBDIRECTOR,

Rubricado.

 

GUIA

Seguem, com destino a Lisboa, pela F.A.P. e acompanhados do funcionário administrativo, Senhor Luís Manuel da Costa Dias, os individuos abaixo indicados, pedindo-se facilidades para que cheguem ao seu destino sem quaisquer impedimentos:

SIMÃO GONÇALVES TOCO

ROSA MARIA (Mulher)

JOÃO SIVI (filho)

ILDA SIMÃO TOCO (filha)

ESPERANÇA SIMÃO TOCO

MARIA DA CRUZ FATIMA

Luanda e Delegação da Policia Internacional e de Defesa do Estado, aos 17 de Julho de 1963.

O SUBDIRECTOR,

Anibal de São José Lopes

 

OPERAÇÃO MISTERIOSA CIRURGICA

 

Em principios de Outubro de 1973, o Dirigente começava a queixar-se de uma dor ao lado esquerdo do coração, o que o obrigava a fazer consultas médicas, e a posterior comunicava a Igreja da necessidade de internar segundo recomendação médica.

Depois da operação cirurgica que sofreu no dia 15 de Outubro de 1973, Sua filha Ilda Toco, comunicava os anciãos da Igreja Central em Angola, com a mensagem abaixo:

[...] o pai continua hospitalizado.Foi operado por três vezes, depois da operação do tumor ou quisto, perdeu muito sangue e fizeram-lhe um enxerto com a carne da coxa, isto é perfeitamente obrigando-o a sofrer duas operações, o enxerto não servindo, tiveram de tirar a carne que nunca chegou a ligar ao sitio operado.
Tem tomado sangue por varias vezes, oferecido por alguns amigos Açoreanos. Encontra-se fraco, devido a perda constante do sangue.Como foi operado no lado do coração, a pulsação não tem parado. Noites horríveis, causadas por esta ignómia doença.

 


Por: Mano João Daniel

Fonte: Arquivo PIDE/Torre do Tombo e Carta Aberta de Simão Toco e de Sua filha Ilda Toco.