A questão da compra de instrumentos musicais para a Igreja Central em Luanda e a crise da Igreja Tocoista

Equipe técnica (1975) Equipe técnica (1975)

Com o regresso de Simão Toco do exílio em 1974, a Igreja Central em Luanda, apelou às Classes, no sentido de contribuírem valores para a compra de objectos de cultos, como cadeiras, bancos etc., dos objectos comprados, faltava equipamentos musicais de sonorização, embora cada Classe tivesse adquirido seus.

FotoCarmona.20Jun1976. - A equipe de sonorização, sentava-se por trás do púlpito.

A questão da compra de instrumentos musicais para a Igreja Central em Luanda (1981)


Na época, sentia-se a falta de instrumentos musicais, nos eventos centrais, e, utilizava-se equipamentos do irmão Firmino dos Santos, da Tribo dos 24 A/B Sulana, que eram guardados em casa do irmão Artur Nunes, na Terra Nova.


Com a reclamação dos músicos de sonorização, no ano de 1981, surgiu a ideia da compra de instrumentos e, segundo o acordo entre sectores, a Igreja iria comprar sacos plásticos em Angola e vendê-los em Ponta Negra, e o Representante Geral da Igreja em Cabinda, o Pastor Carlos Pinto, encarregar-se-ia da venda e compra. O valor contribuído para o efeito totalizava em cerca de quatro milhões e meio (4.500.000.00 Kz), por razões que a Cúpula da Direcção não explicava nada.

A frustrada viagem ao Ntaya, 1982


Em Fevereiro do ano de 1982, Simão Gonçalves Toco, fundador do Tocoísmo, tencionou visitar Ntaya a actual sede Espiritual da Igreja Tocoísta, com uma comitiva composta por 431 pessoas. As classes da igreja em Luanda, contribuíram valores monetários para o efeito, mas infelizmente a viagem não se realizou porque o governo de Angolano autorizava apenas uma deslocação com 20 pessoas, bem identificadas. A decisão das autoridades não agradou Simão Toco, que por sua vez, decidiu anular a viagem. Novamente, a Direcção Cúpula, não apresentou o balanço dos valores contribuídos.


Comemoração do (1949-1983), 34º Aniversário da Descida do Espirito Santo, 25 de Julho de 1983, no Bairro da Terra Nova, sede da Tribo dos 24 A/B de Malange.


Hora antes do início da festa, eu Mano João Daniel, que era um dos técnicos pela sonorização dos eventos da Igreja Central, desloquei-me a Terra Nova, levantar os instrumentos musicais que eram guardados em casa do irmão Artur Nunes. Estando eu no local, o jovem que ía fazer a entrega, levou muito tempo a atender-me, e, no local da festa, já o recinto estava cheio de gente com o corpo de mesa sentado, mas o sistema de sonorização ainda não estava instalado, as pessoas resmungavam, de mim, por causa do atraso, tal situação deixou-me irritado.


Realizada a festa, na segunda-feira, depois do ensaio do coro do Tabernáculo na Terra Nova, casa do ancião Edmundo Martins, eu manifestei ao irmão Lazaro Simão, comunicando-lhe que não aceitaria mais ir pedir instrumentos do irmão Firmino dos Santos, enquanto a igreja não comprasse os seus.


Foi quando o irmão Vicky que antes pertencia ao agrupamento músico Cabinda Ritmo, deu a ideia da compra de instrumentos daquele grupo que se encontravam a venda.
Surgiu dali a ideia de contactar-se o Dirigente na sua residência para que autorizasse a compra de instrumentos localmente, enquanto se aguardava dos que chegariam da Ponta Negra.


Deslocação do coro Tabernáculo a residência do Dirigente e a recomendação


Naquele dia fizeram parte do grupo que ía contactar o Dirigente, Lazáro Simão, Regente coro Tabernáculo, Luzayisu António Lutangu, que era Representante Geral da Juventude tocoista de Angola e corista do coro Tabernáculo Central, Tuassolo Victor, corista e Representante Geral da Juventude tocoista em Luanda, Panzo Simão corista e João Daniel, autor dessas linhas entre outros. Com a nossa chegada, o irmão Lazaro Simão manifestou o desejo dos coristas ao Dirigente, Ele achou de excelente ideia, recomendou ao Regente Lazaro Simão, que o Corpo Directivo dos mestres de coros constituísse uma comitiva, afim de contactar a Cúpula da Direcção da Igreja Central.


Audiência da Comitiva do Corpo Directivo dos Mestres de coros com a Cúpula da Direcção da Igreja


Cumprindo com a orientação do Dirigente, o Corpo Directivo dos Mestres de Coro, constituiu a comitiva e o mestre geral Lazaro Simão, foi o portador que ía marcar a audiência, quando chegou ao Escritório da Igreja Central, encontrou o Escrevente Geral Dombaxe Sebastião Malungu, que dominava do que os grupos murmuravam contra a Cúpula, querendo este saber o motivo de audiência, o Mestre geral recusava-se falar do que se tratava. E, perante tal atitude perguntava o Escrevente Geral, então tens medo de falar? E, ele retorquiu: eu medo de falar, então aguardem o que virá.


A evolução da situação em função da fracassada audiência com a Direcção Cúpula


E, quando o mestre Lazáro Simão regressou, limitou-se a transmitir apenas que a Cúpula não está interessada a recebê-los em audiência. Já circulavam no seio dos grupos, murmúrios sobre desvio dos valores contribuídos, da frustrada viagem ao Ntaya e da compra de instrumentos.

A posição defendida pelos Grupos


1- O grupo Doze Velhos, que inicialmente estava unido com os Representantes das 18 Classes e das 16 Tribos, exigia uma liderança da Igreja como no passado e antes das reformas gerais introduzidas por Simão Toco (1972), acusava a Cúpula de ter desviado e esbanjado o dinheiro da Igreja, por isso devia ser afastada e devolver-se a direcção aos «Ambuta»;


2 - O grupo Representantes das 18 Classes e 16 Tribos, acusava a Cúpula de ser uma direcção tribal, incompetente, e ter desviado dinheiro quotizado para viagem ao Ntaya e da compra de instrumentos, por isso deviam serem exonerados e transferir-se cada elemento à sua tribo;


3 - O Grupo N’temo António (sobrinho de Simão Toco), que eram conhecidos por “M’boma”, constituído maioritariamente por irmãos da Tribo Maquela/Ntaya), sua questão era quase interna: defendia apenas a transferência da sede da Igreja para o Ntaya, actual sede Espiritual.


A elaboração do Organograma e os Estatutos, por esses grupos e sem o conhecimento do Dirigente Simão Toco era interpretada pela Cúpula como um plano de um Golpe, contra a Direcção da Igreja.


Na mesma manhã de 21 de Dezembro, que Simão Gonçalves Toco, foi subitamente, atacado por uma crise cardiovascular que o levaria a morte no dia 31, os grupos que combatiam a Cúpula, reuniam na Terra Nova, quintal da Tribo dos 24 A/B Malange sobre o futuro da Igreja, e, foi elaborado um Organograma e Estatutos, que seriam apresentados ao Dirigente no dia 8 de Janeiro de 1984.


Quando o Dirigente foi informado das decisões saídas naquele encontro, recomendou aos anciãos da Cúpula que entregassem apenas os valores que eles exigiam, mas que não se tocasse na Direcção, porque não era da competência deles, e dizia: no dia 8 de Janeiro, marcado não me encontrarão.


Já não foi preciso, ser apresentado, porque na manhã de 01 de Janeiro de 1984, os anciãos da Direcção Cúpula, mandaram-me [Mano João Daniel] anunciar ao público a notícia da morte de Simao Gonçalves Toco, pelas primeiras horas da manhã de Domingo, dia 1 de Janeiro de 1984, e não pelas horas que exactamente morreu, 15h00 de 31 de Dezembro de 1983, isto, porque temiam represálias.

 A verdade sobre o conflito que divide os tocoístas até aos dias de hoje, dinheiros da compra de instrumentos musicais e da frustrada viagem ao Ntaya, são apenas pretextos, ou seja, o estopim, porque o que esses grupos queriam era tomar a Direcção da Igreja, e, antes desses factos os grupos reuniam às escondidas, Doze Velhos e os Representantes das 18 Classes e 16 Tribos que reuniam no Bairro Popular em casa do irmão Mateus Sebastião, pai da irmã Elvira Mateus Sebastião, Representante da Juventude Feminina de Luanda.

 

A BEM DA IGREJA

 

Simão Toco (1977, 15 de Agosto) "João vai fazer a informação da Igreja".


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Last modified on Thursday, 17 March 2022 08:10
JMayele

Página Web de informações sobre Vida e Obra de Simão Gonçalves Toco, Tocoistas, Igreja INSCM e do Tocoísmo, que utiliza como fonte:Cartas Circulares de Mayamona, em Arquivos da Igreja, Ofcícios da PIDE/DGS (IANTT) e dados colectados em entrevistas com fontes primárias e secundárias nas cidades de Luanda,Benguela e Uíge.

Atenção: Não é a página Oficial da Igreja, também sua intenção não é substituí-la, Mano João Daniel um dos jovens da Residência de Simão Toco (1974-1984), que depois de montar o «Centro de Documentação Simão Toco ou Arquivo Virtual» utilizando Cartas circulares de Simão Toco para os «tocoístas» (1950-1974), cria esse espaço informativo para cumprir com às palavras do Dirigente que em 15 de Agosto de 1977, minutos antes de ser preso pela ODP (Organização da Defesa Popular), declarou:" João, vai fazer a informação da Igreja". Também surge para fornecer seus subsídios aos que investigam sobre Vida e Obra de Simão Gonçalves Toco (1918-1984).

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