Crise da igreja tocoísta com a doença e morte do Dirigente dos Tocoístas, Simão Gonçalves Toco e sua evolução

A verdadeira verdade de como tudo começou e evoluiu até ao ano 2000.

Tudo começou com a destruição do templo da Igreja Central em Luanda, no dia 22 de Junho de 1976, pelas 15h30, dois dias depois de Simão Toco, receber um ultimato em que lhe era exigido a paralisação de todos os públicos Tocoístas em Luanda, apareceu no Bairro dos Congolenses, no local dos cultos Tocoístas, um grupo de jovens e crianças, provenientes do Bairro da Terra Nova, onde se haviam preparados para acção contra Simão Toco, destruíram tudo que pertencia a Igreja, por volta das 17h00, aproximavam-se cercando a residência de Simão Toco, e, finalmente depois da oração das 20h00, arrombavam a porta e começavam expulsando para fora todos quanto se encontravam aquela hora as cerca de 38 pessoas, e iniciavam a pilhagem de sua residência até as primeiras horas de 23 de Junho.

 

Simão Toco retira-se de sua residencia, dez minutos antes, e dirigia-se para o Bloco 7, casa do avô Mpanzo António, escritório da Igreja, onde permaneceria 14 meses, (22 de junho de 1976 a 15 de Agosto de 1977.)
No dia 23 a seguir, voltavam ao Bairro do Congolenses, já com alguns fardados policias, que entraram em algumas casas, quando chegaram no escritorio onde Simão Toco naquela hora estava rodeado de alguns anciãos, ele desaparecia, apenas encontraram a cadeira vazia e os anciãos rodeados a ela.Que ficaram sem saber o que haviam de responder e como desapareceu Simão Toco.Levaram-os, mas tarde foram soltos, porque pelo caminho encontravam um individuo vestido de branco que os mandou soltar.
Apartir dali os boatos já corriam em Angola, Simão Toco, foi morto.
Prisão de Simão Toco pelos militares da ODP
No dia 15 de Agosto de 1977, por volta das 21h30m, era descoberto o esconderijo de Simão Toco, pelos militares da ODP (Organização da Defesa Popular), dirigidos pelo Comandante Geral do 4 de Fevereiro e da ODP, o Senhor Paiva Domingos da Silva.
Naquela noite Simão Toco era conduzido para o destacamento daquela Unidade, na 5ª Avenida, próximo do Mercado AZA BRANCA, onde permaneceu noite de interrogatórios e humilhações.
Era a primeira das quinze (15) prisões sofridas com os militares da ODP, segundo o relatório da Igreja.
Foi por causa daquelas humilhações e outras formas de tratammento submetidas durante esse período, que o mestre Lazaro Simão, compunha o hino muito conhecido e cantado pelos tocoistas:«Vena yo Nsukami ovezwanga, Vana mpambu nzila ke kalanga, ba nbukununa, mu kayi,ba nvonda, yo sasununa mwana muntu mpasi yo lufwa».Traduzido, junto ao entroncamento da via, reside um pobre homem que tem sido despezinhado, foi cortejado, foi morto com catanas, sacudido seu corpo, o pobre homem encontrava-se entre a vida e morte.Fazia esse hino porque testemunhou do que acontecera contra Simão Toco, junto do Tanque de Tratamentos de Água em Luanda, quem vai para a Fábrica da Cuca. Ele também viu o sangue.
Circunstâncias de surgimento da nova Direcção da Igreja Central em Luanda «Cúpula» (1977-1984)
Cúpula, segundo dicionário Houassis3 - conjunto constituído pelos dirigentes de uma instituição, partido político, organização etc.; chefia, direção
Essa nova direcção da Igreja «Cúpula», surgiu depois da destruição da Igreja Central e da retirada do Dirigente Simão Toco para o Buraco (local onde passava os 14 meses escondidos no dia 22 de Junho de 1976 até ao 15 de Agosto de 1977.

Depois desse incidente, o Bairro dos Congolenses começava a ser vigiado por agentes da ODP, todos procuravam conhecerem o paradeiro de Simão Toco.
Desde daquela data os anciãos da Direcção, Representantes das 18 Classes e 16 Tribos, o Grupo Doze Velhos, e outros deixaram de aparecerem nos Blocos, com medo serem presos pela ODP.
Os vates principais da Igreja Central, os anciãos que constituiriam a nova Direcção denominada «Cúpula da Igreja», o Escrevente Geral e seu Adjunto,que sabiam onde era o esconderijo, formaram um sucursal de oração, em casa do ancião Mpanzo Filemon.Contactavam o Dirigente, e atraves deles saíam ás orientações de Simão Toco aos tocoístas, com o nome de Maziezie, Nekakuluki, Avo Mpanzo (que era o nome do dono da casa que servia de escritório).
Havia um forte sigilo a volta e não se podia revelar a estranhos e mesmo a tocoistas onde andava Simão Toco, porque já a ODP havia espalhado muitos espias seus, tocoistas e não tocoistas.
E, com a saída de Simão Toco do Buraco para a Terra Nova, ele não desfez a nova direcção «Cúpula da Igreja», o que aconteceu, começava acrescentando mais nomes,até o nome do autor dessas linhas constava na lista de Simão Toco como membro daquela Direcção, da Igreja mas infelizmente os anciãos haviam ocultado muitos nomes que deveriam constar.

As Viagens frustradas de Simão Toco


Frustrada visita ao local da aliança dos tocoístas, Catete,1981

No dia 14 de Novembro de 1981, uma comitiva da Igreja Central, composta por 71 pessoas, liderada por Simão Gonçalves Toco, com objectivos de mostrar aos Tocoístas o local em que ele teve seu encontro com o Senhor em 17 de Abril de 1950 em Catete, ficou detida pelas autoridades locais, a pretextos de invadirem aquela localidade.Os detidos foram levados para o destacamento da segurança que ficava muito próximo do local que se deveria visitar, onde permaneceram horas, e depois transferidos para Caxito, de onde foram soltos, porque segundo autoridades de Caxito, não havia nenhuma ordem tal comportamento de autoridades de Catete.Mas, antes o responsável de Segurança de Estado, local, oferecia combustível para quem quizesse reabastecer sua viatura, depois de longo percurso. Simão Toco morreu sem contudo voltar a pisar o local onde encontrara-se com o Senhor em 17 de Abril de 1950.


A filmagem feita pelo o fotografo da Igreja, Suamano Carmona, fora recebida a força pelos militares que o viram a filmar.
Sobre essa detenção em Catete, o mestre geral de Coros, Lazaro Simão, compunha o hino:Ki ye kumi ya mu ngonde kumi ye mosi ku Katete mu pelezo.Traduzio, no dia 14 de Novembro, ficamos presos em Catete.

Frustrada viagem ao Ntaya, 1982


Em Fevereiro de 1982, Simão Gonçalves Toco, fundador do Tocoísmo, tencionava visitar Ntaya a actual sede Espiritual da Igreja Tocoísta. Para o efeito submetera ao Palácio do Governo de Angola, um oficio em que solicitava uma autorização de saída de Luanda com uma comitiva composta por 431 pessoas. Uma vez que era preso vigiado depois das quinze (15) prisões e não não podia ausentar-se da capital sem que lhe fosse passado um documento oficial.Simão Toco, viu a viagem adiada quando em vez de 431 pessoas lhe fora autorizada apenas 20 pessoas, devidamente identificados, deveria dizer quantas viaturas, quantas pessoas,e quais suas categorias na Igreja.Ele entendeu a resposta da Presidência de Angola, como um plano em atacarem os tocoístas ao logo da via e posterior atribuírem culpas a UNITA de Jonas Savimbi, o que o levou a afirmar na sua residência, já não vou mais, nessas condições, mas irei sempre com muito mais gente, era o que afirmava.

Doença, lutas de liderança e a morte de Simão Toco


A quebra do Retiro Espiritual e a doença de Simão Toco
Em 13 de Janeiro de 1983, o Dirigente dos Tocoístas, através de um comunicado a Igreja em geral, anunciava o inicio de seu retiro espiritual que duraria muito tempo, e, durante o referido rito não deveria ser interrompido.
Num contexto de conflitos que se vivia entre irmãos, era dificil evitar-se interromper o Retiro espiritual do Dirigente Simão Toco, porque não havia ninguém com capacidade para resolver os problemas que estavam rodeada a Igreja Central e ao Dirigente que se tornava cada vez debilitado pelo estado de saúde.

Instrumentos que eram utilizados nos actos centrais


Em principios de Agosto de 1983, surge o problema de instrumentos musicais para a Igreja Central. Um dos irmãos, Firmino dos Santos, emprestava seus instrumentos a Igreja.Sempre que houvesse necessidades, os tecnicos iam pedi-los onde eram guardados e eram atendidos, mas nem sempre era com facilidade, como aconteceu na ultima festa comemorativa do dia da descida do Espirito Santo, que teve lugar na Terra Nova, no local da Tribo dos 24A/B de Malange. Iniciara para além da hora marcada, porque os instrumentos não haviam sido montados cedo por irmão João Daniel, porque o mesmo teve dificuldades sérias para receber os instrumentos, tudo porque o jovem que devia entregá-los,só o aceitou muito mais tarde e com muita humilhação, e já o corpo de Mesa estava sentado. Ao instalá-los tarde teve que suportar muitos murmúrios, pelo atraso.

Como tudo começou


Fui eu, Mano João Daniel, que falei com Mestre geral Lazaro Simão.
Segunda - feira seguinte a festa comemorativa, João Daniel, autor desse espaço informativo, que era um dos técnicos da sonorização da Igreja Central,manifesta sua indignação ao mestre geral do Coro Lazaro Simão, comunicando-lhe que não teria mais coragem de ir naquele local pedir instrumentos, enquanto a igreja não resolvesse a situação. O irmão Vicky que antes pertencia ao agrupamento de Cabinda Ritmo, deu a ideia de comprar-se instrumentos daquele agrupamento que se encontravam a venda.Surgira dali a ideia de contactar-se o Dirigente na sua residência depois do ensaio coral, para manifestar-lhe o desejo dos músicos.
Tendo em conta os valores já contribuídos para o efeito, a ideia era o Dirigente autorizar a compra dos instrumentos localmente.


Deslocação da comitiva do coro ao Dirigente sobre compra de instrumentos
No final de ensaios que passavam-se no quintal da irmã Maria Edumundo Martins, actual esposa do irmão Luzaisu Antonio Lutangu, grupo coral constituído, por Lazaro Simão, mestre geral de coro, Luzayisu António Lutangu, que era Representante Geral da Juventude tocoista de Angola e corista do coro Tabernaculo Central, Tuassolo Victor, corista e Representante Geral da Juventude tocoista em Luanda, Panzo Simão corista e João Daniel, autor dessas linhas entre outros...
Chegada e manifestada o desejo do coro, o Dirigente Simão Toco, que achou boa a intenção dos músicos, ordenara ao mestre de coro geral Lazaro Simão, que o corpo Directivo dos mestres de coros constituíssem uma comitiva que deveria entrar em contacto com a Direcção Cúpula da Igreja Central.

Audiência dos mestres de coros com a Cúpula


Foi constituida a comitiva e o mestre geral de coros, Lazaro Simão, foi o portador para marcar uma audiencia com a Direcção Cúpula.
No escritório Central da Igreja, encontrara o Escrevente Geral Dombaxe Sebastião Malungu, que dominava do que os grupos murmuravam contra a Cúpula da Direcção da Igreja, querendo este saber o motivo de audiência com a direcção, o Mestre geral recusava-se falar do que se tratava. E, perante tal atitude perguntava o escrevente Geral, então tens medo de falar? E, ele retorquindo dizia eu medo de falar, então esperam o que virá.

 

A evolução da situação em função da fracassada audiencia com Cúpula


Quando o mestre Lazáro Simão regressou, limitou-se a transmitir que a Cúpula não estava interessado a recebê-los em audiencia. E, como já circulavam os murmurios sobre os dinheiros contribuidos, da viagem a Ntaya e da compra de instrumentos, circulavam contra a Cúpula, os mestres de coros, o Grupo Doze Velhos em conjunto com os Representantes das 18 Classes e 16 Tribos, que desejavam mudanças na gestão da Igreja,e que às escondidas já reuiniam-se no Bairro Popular casa do irmão Mateus Sebastião, contra a Direcção Cúpula que eles acusavam de tribalista,mudaram de posição, já estavam exigindo, balanços dos valores cotizados pela Igreja Central em Luanda, por fim exigiam a demissão de todos.
A elaboração do Organigrama e os Estatutos, era o inicio da execução do Plano do Golpe, era a interpretação da Cúpula
Em reunião tida no dia 21 de Dezembro, entre grupos que combatiam a Direcção «Cúpula da Igreja Central», era elaborado um Organigrama e estatutos, que apresentariam ao Dirigente no dia 8 de Janeiro de 1984.
Ficava assim conhecido o plano do golpe. Infelizemente os tocoistas, na manhã de 01 de Janeiro de 1984, ficaram surpresos com a divulagaçã da funesta noticia da morte de Simao Gonçalves Toco.Na reunião ficara acordado que esses documentos seriam apresentados ao Dirigente no dia 8 de Janeiro de 1984.


Na manhã desse dia 21 de Dezembro o Dirigente era atacado por uma crise cardiovascular que o levaria a morte, pelas quinze (15)horas do dia 31 de Dezembro de 1983, na sua residencia em Luanda Bairro da Terra Nova.
A ordem do Dirigente era receberem os dinheiros que exigiam, mas não tocarem na Direcção Cúpula da Igreja, porque não era da competencia deles.

Morte de Simão Gonlçalves Toco
Causas da morte do Dirigente Simão Toco
Morte de Simão Toco e o velório
Pelas quinze (15) horas do dia 31 de Dezembro de 1983, morria na sua residência em Luanda, no Bairro da Terra Nova Simão Gonçalves Toco, depois de uma crise cardiovascular na manhã do dia 21 de Dezembro, e no dia em que os grupos divididos faziam acertos para tomada da direcção da Igreja, na Terra Nova. A direcção Cúpula tomava conhecimento da noticia através dos filhos da residencia que iam comunicando os que travam com Simão Toco.Somente às cinco horas da manhã do dia 01 de Janeiro de 1984, quando os anciãos mandaram João Daniel comunicar inicial às pessoas próximas, e com a seguinte recomendação: não revele que morreu ontem, mas, sim a essa hora de manhã.Por isso, ficou conhecido o dia 01 de Janeiro de 1984.

Suspensão dos actos religiosos tocoistas em Luanda


Com a morte do Dirigente dos tocoistas, ficaram suspensos todas as actividade religiosas tocoísta.O corpo fora levado para o velório, entre os Blocos 7 e 8 do Bairro dos Congolenses, local onde presidiu seu último culto no dia 20 de Junho de 1976. Oito dias de velório do defunto em Luanda, tocoístas, amigos dos tocoístas, igrejas irmãs, etc, constituiam a caravana que no dia 8 de Janeiro de 1984 partia de Luanda para Ntaya Maquela do Zombo onde aos 10 do mesmo mês era sepultado o líder religioso. A igreja Central proclamara inicialmente um luto de trinta (30) dias.

O luto das divergências


O luto das divergências com a chegada de uma criança (Sandumba)de 12 anos, proveniente da Igreja de Capelongo no Sul de Angola, inspirado com o Espirito de Simão Toco, que aumentava para mais trinta (30) dias de luto, perfaziam noventa (90) dias, que terminaria no mês de Abril.Os grupos que tiveram suas posições definidas após o funeral no Ntaya, Doze Velhos, Representantes das 18 Classes não concordavam com o acrescimo de mais dias de luto, enquanto que a direcção Cúpula acreditava nas palavras do vate Sandumba embora ser criança.

A BEM DA IGREJA

 

 

Simão Gonçalves Toco (1977, 15 de Agosto), "João, vai fazer a informação da Igreja".


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Last modified on Tuesday, 03 October 2023 05:48
JMayele

Página Web de informações sobre Vida e Obra de Simão Gonçalves Toco, Tocoistas, Igreja INSCM e do Tocoísmo, que utiliza como fonte:Cartas Circulares de Mayamona, em Arquivos da Igreja, Ofcícios da PIDE/DGS (IANTT) e dados colectados em entrevistas com fontes primárias e secundárias nas cidades de Luanda,Benguela e Uíge.

Atenção: Não é a página Oficial da Igreja, também sua intenção não é substituí-la, Mano João Daniel um dos jovens da Residência de Simão Toco (1974-1984), que depois de montar o «Centro de Documentação Simão Toco ou Arquivo Virtual» utilizando Cartas circulares de Simão Toco para os «tocoístas» (1950-1974), cria esse espaço informativo para cumprir com às palavras do Dirigente que em 15 de Agosto de 1977, minutos antes de ser preso pela ODP (Organização da Defesa Popular), declarou:" João, vai fazer a informação da Igreja". Também surge para fornecer seus subsídios aos que investigam sobre Vida e Obra de Simão Gonçalves Toco (1918-1984).

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