No dia 20 de Junho de 1976, Simão Gonçalves Toco, realizou seu último culto público central em Luanda, porque dois dias depois (22 de Junho) a sede da igreja seria saqueada, por um grupo de jovens e crianças, devidamente organizados na Vila Alice.
O CORPO DE MESA OBEDECEU A SEGUINTE A COMPOSIÇÃO.
1. Venerável Dirigente dos Tocoistas - Simão Gonçalves Toco
2. Vemba Ambrosio , Pastor pregador em serviço
3. Cutendana João, Pastor
4. Santos Francisco, Pastor
5. Anastácio Manuel, Pastor
6. André Panzo, Vate Central Bairro Muceque Mota
7. Andre da Costa Sebastiao, Ancião e Conselheiro, Muceque Mota
8. Antonio Ferreira Lopes, Interprete de Kikongo
9. Francisco da Costa Neto, Interprete d Kimbundu
10.João Pedro Alfredo, Interprete de Portugues.
2. Abertura com a oração de "Pai Nosso" e Leitura Biblica no Livro Salmos de David 150:1-6; entoação do hino geral BMS 445.
3.- Recepção e despedida dos visitantes, dos que acabavam de cumprir o dever matrimonial, dos que tiveram recêem-nascidos;
4.-COROS ESCALADOS:.
1. Grupo B----hino Tchokwe
2. Grupo A----hino Kikongo
3. Classe Golfe----hino em Kimbundu
4. Taia Maquela do Zombo--hino Portugues BMS nº 133
5. Tabernáculo Central--hino em kikongo
Nesse dia 20 de Junho de 1976, o programa do culto foi aberto com uma notícia muito triste, a Igreja Central deu a conhecer a Igreja em Geral, o «assalto» à Classe do Bairro do Golfe praticado pelos inimigos da Igreja, onde espoliaram alguns dos haveres, tais como: altifalantes, microfones, gravadores, etc., destruíndo todos os documentos encontrados no Tabernáculo.
Na sua intervenção o Dirigente dos Tocoístas Simão Gonçalves Toco, afirmou, que até a data os crentes continuavam a ser mortos mortos por causa da Palavra de Deus, seguidamente lembrou:" quando o Espirito Santo desceu em Kinshasa, os Belgas expulsaram-nos de Kinsahasa para nossa terra Angola. Agora cá em Angola, também os nossos irmãos angolanos dizem que somos estrangeiros!!!. Agora não sei para onde iremos.
"[...] Na parede da minha casa, mesmo junto a porta, escreveram-na «A LUTA CONTINUA», eu pergunto, contra os quais?
Bem, quando iniciaram com a guerra eu não estava e de igual modo, quando acabarem eu não estarei presente. O que eu estou dizendo se for mentira aguardem nos próximos dias.
Os franceses foram; os belgas foram; os portugueses e demais países europeus que dominavam a Africa, foram e porque é que chamaram novamente os brancos? Os franceses nasceram cá em Angola? Jonas Savimbi contactou a União Sul Africana, os mesmos nasceram em Angola? Os Russos são angolanos? Os cubanos nasceram cá em Angola? Vou perguntar ao Nosso Deus se todos esses mercenários nasceram em Angola. E, se não forem angolanos, haverá uma destruição e, às pessoas não serão mais enterradas.
[...] Vós angolanos não conseguistes resolver o problema da vossa terra e chamaram países estrangeiros para destruírem o povo angolano? O povo que está é meu e eu não quero que eles morram. Ao terminar o Dirigente dos Tocoistas, retomou à mesma pergunta.
DESENTENDIMENTO ENTRE OS BELIGERANTES DA GUERRA CONTRA O COLONIALISMO
[...] Hoje é o terceiro dia que falo isso. Se os angolanos amam sua terra, deixem de guerrearem-se, e, se continuarem a combaterem-se aumentará a intensidade da guerra; Estou me dirigindo à vocês três: o Presidente Agostinho Neto do MPLA, o Presidente Holden Roberto da FNLA e ao Presidente Jonas Savimbi da UNITA, será que não podem unir-se?
Para terminar, apelou à todos os fotógrafos presentes, para que o fotografasse com todos aqueles que vieram com ele expulsos do ex. Congo Belga e seus filhos para Angola (1950). "Estas fotografias que vamos tirando são às últimas balas que atiram contra nós".
Depois do culto que terminou muito tarde, Simão Toco e seus ex. coristas do coro Kibokolo e seus filhos, dirigiram-se atrás de sua residência no Bloco 6, BAirro dos Congolenses, e tirararam a fotografia. "Não sabemos o significado da fotografia, pois que, sabemos o de hoje, mas o de amanhã não sabemos", falou ele.
Na sua intervenção disse: "quando os belgas expulsaram-nos de Kinshasa para Angola, trazíamos uma estrela, que nos foi arrancada pelos portugueses. [...] Nos próximos anos virá uma outra Estrela de Oito pontas. A nossa Estrela é a de AMANHÃ.
Foi cantado pelo coro Kibokolo o hino: "Nutala vana ndose zeto, ntentembwa za nkielelo", traduzido, "vejam nas nossas testas a estrela resplandencente" sublinhando que os africanos receberam a Estrela da Manhã. [...] Os portugueses arrancaram a Estrela, mas o Nosso Deus diz, que a Estrela encontra-se nas nossas testas e já não pode sair.
QUEM QUISER MORRER AGORA LEVANTE A MÃO PARA O CÉU
A mesma pergunta foi feita nas línguas nacionais e estrangeiras como Português, Francês e Inglês.
[...] Estão cá também autoridades, estão aqui também soldados das F.A.P.L.A.S; agora vou perguntar o seguinte:Aquele que quiser morrer agora, levante a mão!, continuou: No nosso meio além de Tocoístas, estão membros de outras religiões, estão cá também as autoridades, assim como FAPLAS;agora pergunto : quem quiser morrer agora levante a mão para o ceu!
[...] Agora faço outra pergunta: Se ouvirdes uma voz dos céus dizendo subi para cá, quem está dispostos a subir? todos os presentes levantaram suas mãos. acrescentava, Os que querem salvar-se, Cristo continua chamá-los dizendo «Vinde a Mim».
Nada fazia transparecer que seria o último culto público de Simão Toco, dos tocoístas em Luanda, porque por volta das 19horas, do mesmo dia, aparecia na sua residência uma comitiva composta por cinco (5) senhoras, proveniente da Vila Alice, convocava Simão Toco para uma reunião segunda feira dia 21 de Junho, na direcção da OMA, depois de deixarem um ultimato, para que se paralisassem todos os actos públicos tocoístas.
Fonte: Arquivo da Igreja Central.1976
Simão Gonçalves Toco (1977, 15 de Agosto) "João vai fazer a informação da Igreja".
A BEM DA IGREJA
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